segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mulheres Sozinhas


Escuto-as de certo, na hora zero, vão chorar todas juntas a falta da sua primavera.
Eu simplesmente escuto e são outro silencio no lenço que elas guardam,
atrás do punho dorido, onde as veias irrigam ao sangue apreços e faltas.
Falsos são seus sonhos, falsos foram seus homens,
mas elas ainda conseguiram tirar os seus filhos, empurrando cara adiante.
Às vezes algum morre rebentando no chão, e vermes são as pernas comidas pela fome,
às vezes um outro chega a governar acima dum pequeno um mapa...
E então terríveis comandam desejos que a falta de pai trasbordou fora de ânsias.
As arcas vivem cheias de penas de cisne, e feios conselhos;
matam pelo prazer de matar, ou morrem estúpidos por causa de arrebatar-lhes
as mães seus belos pecados.

Escuto-as no preto que vestem suas saias,
nos lutos adentro que adornam gastadas, as toucas engravidas.
Me olham bem sei, e passam de largo.
Também pensam elas serei eu soldado
e morrerei na mesma guerra aonde os filhos emigraram
em procura do beco vazio, onde elas foram obstrazadas.


de Artur Alonso.

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