sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


Tantas vezes pensei, para ti,
a harmonia da chuva, tal vez, no teu cabelo,
na manha mais úmida, em que aquele raio de vida:
verdes as pupilas sobre montanhas verdes, refletiu
atrás das nossas costas,
aquele dia em que eu te recitei
por vez primeira teu primeiro e único poema.

Quantas vezes eu pensei nos seres
que habitam dentro de nós,
na sabedoria que dos mortos aprendi,
simplesmente,
para entregar-ta.

E tu a rejeitar-la como um costume,
porque aprendes-te na adolescência
que ninguém entrega nenhum embrulho
com ouro
em um feitiço de amor

Quantas,
tantas vezes eu à noite
quando tento afiançar-me no espelho
(não derrubar-me, surgir na luta),
Quantas
ainda pressinto, como se fora a voltar o inverno,
como se fosse algum dia outra rotina acontecer,
meus braços abrir aos teus sonhos
para nunca dos meus liberados os possam afastar
os medos que constroem nosso amor

Artur Alonso.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Incial


Preciso um berço para dizer nascido.
Preciso um pedaço de alma
para encontrar na cabide o espírito

como alcançar o cume nunca é importante
ao não ser no centro da harmoniosa instancia
prossegue por ti a tua rota indicada

no pavilhão verde o amo
no pavilhão aberto a céu a caça
fora deste castelo: a calma

Confiava que Deus chegasse a minha vida
mas eles não deixaram não que eu fosse
um ser universal

muitos entorpecentes deitaram no ser consciente
muitas notas falsas gastaram, para eu adorar o engano
muitos livros escritos para despistar-nos
muitas paginas cheias da grau
para engordar gordurosas, agradecidas panças
muitos caminhos comprados com ouro
muitas falsas navegações naufragas
para uma única conquista infame e ingrata:

a vontade dos apressados
(mas eles nunca tem bastante...)

Precisava derrubar esse muro
e saltei por cima da sua cidade
cercada

a porta esta aberta,
mas tu nunca poderás visioná-la
a não ser
a não ser
que deites dos olhos sua teia de aranha

muito sofri para acordar da insônia
outros viveram para liberar-me
agônicas vem a mim a vozes do martirizados

agora
tenho a frente um novo caminho
ele realmente há de levar-me
a terra originaria dos meus antepassados.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Arquitetura

Azul na luz. Arredor o azul. No centro o branco, mas também o azul.
Monotonia ate a extenuação. Sempre mais harmônicos os dourados, os emoldurados ouros dos enfeites posteriores. Mais barroco que o azul o dourado do sol. E ambos os dous: céu.
Artur Alonso.