Ele era de um país que não tinha nome.
Ela estava na idade de mudar a rota.
Diz que foi o vento, o vento que tem o poder de converter as rochas em cinza.
E talvez nem muito menos fora assim, porque ele vinha dum lugar onde sempre se escondem os sonhos debaixo da areia (para cegar-lhes as estrelas).
E ela estava na idade de mudar as cores: no arco da velha, pôr telha no prado, ou verde que sobra debaixo da árvore... E ele tinha de mudar: suas formas.
Havia uma lagoa, sempre em qualquer lugar há uma lagoa (adivinha-se logo), mas esta era feita de lágrimas não vertidas sobre a válvula dos olhos.
E como ela sentia necessidade de mudar, e como ele viera dum país onde nunca falam as historias de outros tempos... seus caminhos tiveram (por força) de se cruzaram, como neste casual, que a ninguém agora interessa. Porque sempre numa ou outra vida hão de cruzar-se caminhos à roda.
E a ela tocou-lhe este, e a ele ficou-lhe tão perto... E como ele provinha dum país onde o nome sempre se esquece, e como nunca reparara no significado da nascença, tampouco ia agora “trigonometrar” sobre o estado propicio das acácias, ou contemplar alheio o medrar das raízes como berço para a ambos aninhar-se; dai que ele não acertara fácil aonde se dirigem as pegadas dos homens, que como ele, andam pelo mundo a volta da sobrevivência.
De modo que trocou seu pouco animado sentido, por uma senda que nunca chega ao horizonte.
Ela estava na idade de mudar a rota.
Diz que foi o vento, o vento que tem o poder de converter as rochas em cinza.
E talvez nem muito menos fora assim, porque ele vinha dum lugar onde sempre se escondem os sonhos debaixo da areia (para cegar-lhes as estrelas).
E ela estava na idade de mudar as cores: no arco da velha, pôr telha no prado, ou verde que sobra debaixo da árvore... E ele tinha de mudar: suas formas.
Havia uma lagoa, sempre em qualquer lugar há uma lagoa (adivinha-se logo), mas esta era feita de lágrimas não vertidas sobre a válvula dos olhos.
E como ela sentia necessidade de mudar, e como ele viera dum país onde nunca falam as historias de outros tempos... seus caminhos tiveram (por força) de se cruzaram, como neste casual, que a ninguém agora interessa. Porque sempre numa ou outra vida hão de cruzar-se caminhos à roda.
E a ela tocou-lhe este, e a ele ficou-lhe tão perto... E como ele provinha dum país onde o nome sempre se esquece, e como nunca reparara no significado da nascença, tampouco ia agora “trigonometrar” sobre o estado propicio das acácias, ou contemplar alheio o medrar das raízes como berço para a ambos aninhar-se; dai que ele não acertara fácil aonde se dirigem as pegadas dos homens, que como ele, andam pelo mundo a volta da sobrevivência.
De modo que trocou seu pouco animado sentido, por uma senda que nunca chega ao horizonte.
Fragmento do relato Pertença de Artur Alonso
Que bem se escreve quando se escreve bem... como tu sabes fazer, Artur, poeta. Abraços desde a República da Rousia
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