Aberto ao meu mundo 03
...As palavras de que sabemos tão pouco, ou de que é possível saber tão pouco, as palavras seixos, que caem na nossa boca como cigarros a arder, e de que sacudimos as cinzas e as brasas no casaco, as palavras com revelo e peso, que ficam para trás e que não podem ser recuperadas nem nunca inteiramente repetidas, porque são outras, porque nunca são as mesmas, a reaprender as cores, que não há, também não há cores claro, só versões pessoais...
Artur Portela do livro “Rama, verdadeiramente”...
Artur Portela do livro “Rama, verdadeiramente”...
... Nasci no México D.F., sinto que o meu caso não foi por acaso, não foi eventual. Assim tinha de ser e assim foi, porque os Deuses do Sol, a Lua e a Chuva (aquele que chorava sobre o vale, no tempo dos outros homens), quiseram. E ainda posso perceber, como si a pituitária fosse, um elenco de recordações, os aromas da terra úmida quando escampa o vento sul e o serão apalpa por um instante a noite, uma vez a trovoada mais doce do verão, se fora embora para deixar-me saborear a argila outonal na minha garganta fresca.
Mas também com mesma força, as imagens dos velhos soutos, os odores das chairas quentes, qual as descidas a carvalheria para renovar; na aldeia onde senti pela primeira vez o chamado dos seres que ainda me amam, são antepassados e moram, sem nos saber, a lado do nossa casa. No interior da alma, no centro do coração que agradece o ensino da mãe que trouxe ao mundo a mãe daquele que um dia se levanta...
Mas também com mesma força, as imagens dos velhos soutos, os odores das chairas quentes, qual as descidas a carvalheria para renovar; na aldeia onde senti pela primeira vez o chamado dos seres que ainda me amam, são antepassados e moram, sem nos saber, a lado do nossa casa. No interior da alma, no centro do coração que agradece o ensino da mãe que trouxe ao mundo a mãe daquele que um dia se levanta...
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