sexta-feira, 26 de junho de 2009

A mesma Pele

"Depois de mais uns instantes de silêncio, murmurou que eu era uma pessoa estranha, que gostava de mim decerto por isso mesmo, mas que um dia, pelos mesmos motivos, era capaz de passar aos sentimentos contrários। Como me calasse, por não ter nada a acrescentar, tomou-me o braço, a sorrir, e declarou que queria casar comigo."
Fragmento do livro: “O Estrangeiro” de Albert Camus।

.. as cousas também podem acontecer assim, ela chega, se senta, desfruta simplesmente do mirar. Não gosta muito de ti, mas tu estas como ela contigo à vontade. Seguem-se um ou dois dias. Risos no mesmo banho, os copos compartilhados a escova dos dentes, não. Ela comprova que, para ambos, escolhes-te bem o lado da cama, que o espelho aproxima dous rostos, que os rostos insinuam felicidade e o brilho dos olhos sempre penetrando na alma dos outros. Uma semana, um mês por ser mês. Ao final se fazem anos. Ela nunca disse: queres casar comigo. E tu nunca rompeste com promessas estúpidas o desfrute do silencio. Era aquele o momento, só que se reteve. E em ele ainda podes vir, ou resgatá-lo quando a rotina irrompa com a fúria que desgasta o passado...
Artur Alonso.

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